sexta-feira, 29 de abril de 2011

Das Folhas de Kalanchoe


Enquanto as flores secam,
As nuvens dançam na varanda,
A realidade é abstrata pintada de hibiscos...

Os bonecos se reproduzem como alporquia,
e você espontaneamente acaricia-se debaixo do lençol...

Os postes reflorestam a paisagem,
Quem sou eu?
Nesta geometria rígida que escondeu o mangue do Itacorubi.

Hoje o mar está azul,
Mas ontem dormi vendo Touro Indomável em preto e branco,
Colhi os tomates,
Mas as formigas fizeram do manjericão uma caduca...

Oh! Natureza,
E bebês de provetas,
Oh! Ilusão,
Buracos negros em meu colchão,
Os mosquitos batem a cabeça no mosquiteiro,
Insistem em zunir,
Cante um mantra para eu dormir...

O lixo fede lá fora,
Eles fecham as janelas e ligam o ar condicionado,
No vaso da sala as flores secam,
As nuvens passam,
E das folhas de Kalanchoe caem plantas novas no solo...






Poema: Rodrigo Vargas Souza
Imagem: do filme Zabriske Point

Só pra constar


E a quem possa interessar...

hoje choveu, mais cedo.
Hoje, senti medo.

Ontem sabia jogar,
Hoje, maré de azar.

Amanhã, substantivo próprio.
Hoje, neologismos afloram.

Ontem, correntes por minhas mãos atadas.
Hoje, libertas mãos para nada.

Ontem, picolés de goiaba.
Hoje, refrigerador quebrado.


Se amanhã, sorvete de limão.
Depois da manhã, mais um arranhão.

Frio laranja, temperatura azeda.
Que se vá este verão, antes que a noite esqueça.

... ou antes mesmo... anoiteça.


Poema: Georgia - http://defenestracoesdepragas.blogspot.com/
Fotografia: Rodrigo Vargas Souza

terça-feira, 19 de abril de 2011

Gostaria de ser um elefante




Violência na escola, guerra, dor, fome e miséria, tantas mazelas que nos afligem, mas sem dúvida nos resta a esperança de que nem tudo se perdeu e começar uma reflexão apontando tantas manifestações nocivas do gênero humano não inibe nossa vontade em buscar o belo e venturoso.

Parei pra pensar no comportamento incomum dos elefantes, são voltados para a manada, amorosos com seus filhotes, prestativos e têm uma memória poderosa marcando inclusive o local de seus mortos e quando encontram seus esqueletos os acaricia com sua tromba, um belo exemplo para a humanidade.

Paradoxalmente imaginei como deveria ser um elefante, enorme, com as presas de marfim cobiçadas por seu valor, um alvo onde os filhotes fêmeas e machos são permanentemente acuados, do que realmente estou falando? do ser humano ou do elefante, quem apresenta comportamento equilibrado e natural? quem trata a vida com respeito?

Sinceramente estabeleceu-se a confusão, relembrei o filme O Homem Elefante, da vida miserável que John Merrick, tratado como aberração em um circo humilhado por sua aparência, mas que abrigava um ser humano sensível inteligente e gentil, retorno a cena do elefante na savana africana, simplesmente querendo existir em companhia dos seus iguais, protegido e protegendo perpetuando a vida, não é coincidência traçar um paralelo com a realidade atual, a selva em questão é a grande metrópole, o predador natural do homem é o próprio homem, cuidar e preocupar-se com os seus é requinte de alguns fora da ordem, acumular, usufruir, explorar, aparentar são os axiomas da modernidade, poder é a busca, fazer sofrer é o resultado, milhões de seres na abstração, quando nos seria tão fácil observar os exemplos da natureza.

Estamos como figurantes, protagonistas e expectadores no cenário moderno, tecnologicamente ultrapassamos nossos limites constantemente, mas a despeito de tanta evolução, os fatos me forçam a dizer que em alguns dias gostaria de ser um elefante...

Texto: André Soares


Imagen: Filme - O Homem Elefante

domingo, 17 de abril de 2011

FOSC - COB - AIT


MANIFESTO CULTURAL DO 1º DE MAIO DE 2011


EXISTEM QUESTÕES DE FUNDO QUE NOS PREOCUPAM E QUE GOSTARIAMOS DE COLOCAR PARA TODOS E QUE SE LIGAM AO PRÓPRIO OBJETIVO DO MANIFESTO CULTURAL DO 1º DE MAIO.. Estamos muito preocupados com SITUAÇÃO DA POPULAÇÃO E DA JUVENTUDE SEM EMPREGOS E PERSPECTIVA DE UMA VIDA FUTURA MELHOR PARA TODOS. PELA VIDA COMBATEMOS TODAS AS MISÉRIAS. Preocupa-nos a falta de JUSTIÇÃO SOCIAL E A QUESTÃO SALARIAL que oprime a todos no Brasil e em especial no RS, que tem um dos mais baixos salários do Brasil. Nos preocupamos também com suas origens que estão nas políticas globais e locais do CAPITALISMO, que usam do DESEMPREGO ESTRUTURAL PLANEJADO e da CRISE FABRICADA pelos CAPITALISTAS para ROMPER com os DIREITOS dos TRABALHADORES, CONQUISTADOS HISTÓRICAMENTE, COM MUITO SUÓR, LÁGRIMAS E SANGUE. O mais importante sem dúvidas foi o da CONQUISTA DAS 8 HORAS DE TRABALHO, quando se trabalhava mais de 12 horas diárias, sem sábado nem domingo livre (até 16 hs). Conquistas que impulsionaram também os Direitos das Mulheres, das Crianças, dos Velhos e dos doentes. Não esqueçamos que as Crianças foram as primeiras vítimas fatais da história do Trabalho depois da escravidão. Vitórias que não vieram das benesses dos ricos e poderosos, foram conquistas sociais históricas que devemos a todos que lutaram por melhores condições de vida e trabalho. Lutas que tiveram um ápice em Chicago (EUA), quando PRESOS em manifestação (1886) pela conquista da redução da jornada de trabalho, impulsionadas por sindicalistas anarquistas da Associação Internacional dos Trabalhadores/1ª Internacional, foram por ousar almejar dias melhores CONDENADOS: COM A FORCA, Adolph Fischer (31, Tipógrafo), Albert Parsons (39, tipógrafo), George Engel (51, tipógrafo), Hessois August Spies (31, jornalista); “SUICIDADO” Louis Ling ( 23, Carpinteiro); 15 ANOS DE PRISÃO Oscar Neeb (36, vendedor); ´PRISÃO PERPÉTUA Miguel Schwab (34, encadernador) e Samuel Fielden (39, operário textil) prisão perpétua, Deles é a frase:. VIRÁ O DIA EM QUE NOSSO SILENCIO SERÁ MAIS PODEROSO QUE AS VOZES QUE NOS ESTRANGULAIS HOJE. O que é verdade pois AOS OUSADOS PERTENCE O FUTURO. MAS OS PODRES PODERES SE REGENERARAM E hoje, longe de podermos festejar o fim da miséria e da pobreza constatamos que vivemos em um País, onde apesar dos discursos dos políticos, governantes e da mídia, 53 milhões de pessoas vivam na EXTREMA POBREZA, onde a FOME e a MISÉRIA ameaçam as FAMÍLIAS. O que resulta nos elevados índices de MORTALIDADE, e de ACIDENTADOS. Resulta também em um AMBIENTE SOCIAL e ECOLÓGICO DETERIORADO. SEM DIREITOS SOCIAIS de PRECARIZAÇÃO impulsionada pela FLEXIBILIZAÇÃO e TERCEIRIZAÇÃO do trabalho, com extensas jornadas de trabalho que transformam as pessoas em coisas nas filas mendigando por atendimento e cuidados médico hospitalares. DETERIORAÇÃO que atinge os Serviços Públicos de Transporte, Moradia e Educação, onde penalizados por um crime que não cometemos somos jogados em condições imundas de existência, sujeitos a toda sorte de VIOLÊNCIAS, ESTATAIS e PRIVADAS, as quais somos submetidos quotidianamente.

HOJE LUTAMOS pela REDUÇÃO da JORNADA de TRABALHODAS PARA 6 HORAS. QUEREMOS ACABARO COM O MODELO ASIÁTICO DE PRODUÇÃO QUE ESCRAVIZA OS TRABALHADORES (pessimas condições de existência, baixos salários, jornadas exaustivas de trabalho). LUTAMOS por um Sistema de JUSTIÇA SOCIAL e LIBERDADE: construído através da AUTOGESTÃO DOS TRABALHADORES, que é a proposta COLETIVISTA destes para a organização da Economia e da Sociedade.


OS MARTIRES DE CHICAGO - CONQUISTA DOS DIREITOS DOS TRABALHADORES

91 - Cartaz alusivo ao massacre de Chicago


92 - Memorial ao massacre de Chicago (placa)



93 -Memorial ao massacre de Chicago (escultura)


94 -Enforcamento dos mártires de Chicago (1887)


95 -Mártir de Chicago - SPIES (1855-1887)


96 -Mártir de Chicago - FISCHER (1858 -1887)


97 -Mártir de Chicago - ENGEL (1836-1887)



98 - Mártir de Chicago - PARSONS (1845-1887)



99 -Mártir de Chicago - LINGG (1864 -1887)


100 -Mártir de Chicago - NEEBE (1850 -1916)


101 -Mártir de Chicago - SCHWAB (1853 -1898)




102 - Mártir de Chicago - FIELDEN (1847-1922)

O anarkismo revolucionário reconstruindo a organização livre dos trabalhadores. A solidariedade local pelo internacionalismo proletário! - A aceitação da máxima da Internacional “a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores”.

Por um mundo melhor para todos nós.

Ação Direta Sindical na construção do socialismo libertário: sem partido nem patrão!.


Sindicato de Artes e Ofícios Vários de Porto Alegre (SINDIVARIOS)

Movimento de Reconstrução da FORGS/COB/ACAT-AIT

Federação Operária de Porto Alegre

Federação Operária do Rio Grande do Sul – FORGS

Movimento Libertário Brasileiro Confederação Operária Brasileira – COB

Associação Continental Americana dos Trabalhadores – ACAT

Associação Internacional dos Trabalhadores – AIT (IWA)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Leve como as pedras

Clicar na imagem para ampliar.

Poema e fotografia: Rodrigo Vargas Souza

Do verde ao Cinza‏


O viajante em sua eterna busca se depara com a diversidade da paisagem por onde passa, sua atenção e emoção são tocadas constantemente.

Recentemente parti de um cenário deslumbrantemente verde rumo a outro completamente cinza, e que poderíamos descrever como disforme e incolor, com base no elevado grau de degradação ao que o ser humano se submete nas grandes metrópoles. Do sonho ao concreto num breve intervalo de tempo, muitas são as implicações, o que é deixado para tráz fica irreconciliávelmente ultrapassado e o que se avoluma diante dos olhos causa estranheza e apreensão, muitas sensações, do desencanto à curiosidade, passando pela expectativa tornam-se o motor impulsionando a prosseguir, o tempo congela e cristaliza as imagens estrada afora, do centenário muro de pedra semi-destruído ao rio que desce vertiginosamente a serra gaúcha até chegar na imensa e histórica catedral encravada no coração da cidade que diante de si deposita os degredados os já sem vida, que entre o álcool, a cola e o crack enganam mais um dia, defecando nas calçadas sem se importar com os passantes, furtando, brigando sem dar a menor importâncias aos PMs presentes, esta realidade é um murro forte em nossa sensibilidade, choca e arrefece o pensamento no que ficou, nem perdido e tão pouco esquecido. Cumprir a jornada é a necessidade primeira, saltar do mundo natural para outro voraz e superficial, fervilhando armadilhas. Quanto falta para chegar? Será que ainda voltarei?poderei reencontrar? Dúvidas, dúvidas... Erguer a cabeça e mirar o futuro, que venha o concreto, inexorável e frio, que retorne o verde prazeiroso e quente, Recomeço a andar...


Texto: André Soares

Fotografia: Rodrigo Vasgas Souza