segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Declaração de Walter Bond em seu julgamento condenatório


“Toda a ferocidade e amor em meu coração seguem vivo”


[No dia 12 de fevereiro, Walter Bond foi finalmente condenado à pena mínima de 5 anos de prisão e 3 anos de liberdade condicional. Christine Arguello, a juíza, afirmou ter lido as cartas que lhe tinha enviado os solidários com Walter, assim como os ensaios que ele foi tornando público da prisão. Ela comentou que considera Walter muito inteligente e o incentivou a, no futuro, focar seus escritos sobre a libertação animal e não praticar incêndios como método de luta. A seguir palavras de Walter Bond para o tribunal no dia de seu julgamento de condenação.]

"Estou aqui hoje porque eu queimei a fábrica de pele de carneiro, em Glendale, Califórnia; uma empresa que vende peles e couros de animais mortos. Eu sei que muitas pessoas pensam que eu deveria sentir remorso pelo que fiz. Suponho que este é o momento em que, de costume, deve se humilhar e implorar por misericórdia. Eu lhes asseguro, que se fosse isso que sentisse, eu o faria. Mas eu não me arrependo de nada que fiz. Também não estou assustado com a autoridade deste tribunal, já que qualquer sistema jurídico que valorize os direitos do opressor sobre o oprimido é um sistema injusto. E quando este tribunal tem o poder real e atual, eu questiono a sua moralidade. Duvido que o tribunal esteja interessado nas precauções que tomei para não prejudicar qualquer pessoa ou pessoal em serviço, e muito menos com as miseráveis vidas que ovelhas, vacas e visons têm que suportar, até a morte, e com as quais uma empresa do Colorado se beneficiou de sua prisão, escravidão e assassinato.

Obviamente, os proprietários e empregados da fábrica de pele de ovelha não se importam muito se são parte do comércio sinistro e macabro de sangue. Então eu não vou perder meu tempo com eles, pois só cairia em ouvidos surdos. É por isso que me voltei para a ação direta ilegal para começar, porque, a eles, não importa. Não importa o quanto os ativistas lhes falem e argumentem sobre os direitos dos animais, não importa para eles. Bem, Sr. Livaditis [proprietário da fábrica de pele de carneiro], você realmente não me importa. Não existe terreno comum entre as pessoas como você e eu. Eu quero que você saiba que não importa com o que o tribunal condene-me hoje, você não ganhou nada! A prisão não é uma grande dificuldade para mim. Em uma sociedade que valoriza o dinheiro acima da vida, considero uma honra ser um prisioneiro de guerra; a guerra contra a escravidão entre espécies e a objetivação! Eu também quero que saiba nunca vou estar disposto a pagar um dólar, nem um! Espero que o seu negócio fracasse e te sufoque até a morte, a cada centavo que entra do benefício que é para você matar os animais! Espero que sufoque e queime no inferno!

Às pessoas que me apóiam, quero agradecê-las por se juntar a mim e mostrar a este tribunal, e a estes exploradores de animais, que apoiamos uns aos outros e, como movimento, não pediremos desculpas por ter um senso de urgência. Não vamos colocar os interesses do comércio sobre a sensibilidade! E nunca deixaremos de educar, agitar e enfrentar os responsáveis pela morte de nossa Mãe Terra e suas nações animais. Minhas irmãs e irmãos vegans, nossas vidas não são nossas. O egoísmo é a forma dos gananciosos, pervertidos e fornecedores de injustiça. Já foi dito que todo o necessário para o mal vencer é que as pessoas de bem não façam nada. Já pelo contrário, todo o necessário para acabar com a escravidão, o uso de drogas, abuso e assassinato de outros animais além dos humanos, é a vontade de lutar em seu nome!

Faça o que puder, faça o que deve fazer: ser guerreiros vegans e verdadeiros defensores dos animais, e nunca se comprometer com seus assassinos e especuladores. A Frente de Libertação Animal (FLA) é a resposta. Raramente houve um movimento de grande alcance e eficaz a nível internacional na história humana. Não podes se somar a FLA, mas então se converta nela. E é o de mais orgulhoso e mais poderoso que eu fiz. Ao sair desta sala hoje não fique consternado com a minha prisão. Toda a ferocidade e amor em meu coração seguem vivo. Toda vez que alguém liberta um animal e quebra sua gaiola, sigo vivo! Cada vez que um ativista se recusa a curvar-se às leis que protegem o assassinato, sigo vivo! E eu vivo cada vez que o céu a noite é iluminado pelas chamas de uma outra empresa exploradora de animais em ruínas!

Isso é tudo, senhor juiz; estou pronto para ir para a prisão.”

Walter Bond

Mais infos: http://www.supportwalter.org/index.htm

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Ver


Poema visual: Rodrigo Vargas Souza

Cego Cotidiano


Louco sou. E sê-lo assim... é a liberta realidade que vivo diante do cego cotidiano em que vivemos. Observando o que há de melhor nos homens: o desprezo aos seus próprios olhos. E em paralelo a isto, continuo pintando minha parede com as cores das contradições.

Poema: Rafael Falcão
Fotografia: Jim Nachtwey

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A VALORIZAÇÃO DO DESVALOR

Valor é uma palavra que contém em si mesma significação, qualidade, sustenta o peso psicológico que implica talento, merecimento, préstimo, valentia, e num aspecto material o preço a ser pago por uma coisa, sua estimação, valia, a relação entre objeto e moeda. Para Jean Piaget “O homem vive, toma partido, crê numa multiplicidade de valores, hierarquiza-os e dá assim sentido à sua existência mediante opções que ultrapassam incessantemente as fronteiras do seu conhecimento efetivo. No homem que pensa esta questão só pode ser raciocinada, no sentido em que, para fazer a síntese entre aquilo que ele crê e aquilo que ele sabe, ele só pode utilizar uma reflexão, quer prolongando o saber quer opondo-se a ele num esforço crítico para determinar as suas fronteiras atuais e legitimar a hierarquização dos valores que o ultrapassam. Esta síntese raciocinada entre as crenças, quaisquer que elas sejam, e as condições do saber, constituí aquilo que nós chamamos uma "sabedoria". O cidadão brasileiro contemporâneo está envolvido em uma crise de valores, do subjetivo ao objetivo, constatamos que perdemos o norte como nação, estamos passivos, o únicos caso que provoca reações veementes é o futebol, onde dependendo dos resultados as torcidas dos clubes, país afora, oscilam do comportamento de amor incondicional a violência extrema, o custo de vida, o transporte urbano das grandes metrópoles, os postos de saúde ineficientes, a violência urbana somadas a corrupção e usura da classe política não causam o mesmo furor. As manifestações sociais através da cultura da arte e da educação apresentam resultados preocupantes. Constituímos a pasteurização intencional dos processos de criação e produção artística e cultural em todos os campos, alicerçado numa indústria organizada para conferir valor ao que definitivamente não possui valor, vivemos de fenômenos midiáticos que surgem da noite para o dia, o semi analfabeto que joga futebol maravilhosamente, o filho do artista famoso que vira cantor e escritor de abobrinhas, a cantora que passa a vida rebolando e sua garganta é facilmente encontrada em seus quadris, ritmos voltados a sublimação do medíocre e superficial fazem a apologia do fácil e enganador, desconstroem a história da música, não falo de eruditos, falo dos populares que ergueram o mosaico musical nacional. Sofremos a intervenção dos departamentos de mídia das agencias de publicidade, que através das grandes “holdings” da comunicação determinam o comportamento social e suas manifestações. Desvalor é a palavra que nos apresenta a melhor definição deste processo, contabilizamos 53 milhões de seres humanos vivendo na extrema pobreza neste Brasil varonil, analfabetismo funcional, mão de obra desqualificada, o parco apoio institucional a pesquisa e a baixa qualidade da educação geram este quadro caótico e transformam o cidadão comum em presa fácil para esta indústria que inescrupulosamente ecoa aos quatro cantos “consuma e não pense”, também não fale e se falar que seja bobagem, se cantar, cante o último funk pérola da poesia, se vista na moda underground, balance ao som mais massificante e pobre recentemente lançado, e fique prostrado diante da TV espiando a insensatez humana em rede nacional para desespero e dor de todo artista de todo ser sensível que ainda acredita que neste buraco negro que nos encontramos existe saída, lembre-se do profeta Chico: Levante-se há um líder dentro de você, que em sua visão messiânica sentencia: a cidade se apresenta centro das ambições, para mendigos ou ricos e outras armações, coletivos, automóveis, motos e metrôs, trabalhadores, patrões, policiais, camelôs. A cidade não pára, a cidade só cresce, o de cima sobe e o de baixo desce a cidade não pára, a cidade só cresce, o de cima sobe e o de baixo desce. A cidade se encontra prostituída por aqueles que a usaram em busca de saída... Vou lembrando a Revolução.
Mas há fronteiras nos jardins da razão.

Texto:André Soares

CONCEITO DE LIBERDADE - Bakunin


Liberdade consiste no "desenvolvimento pleno de todas as faculdades e poderes de cada ser humano, pela educação, pelo avanço científico, e pela prosperidade material.Tal concepção de liberdade é "eminentemente social, porque só pode ser concretizada em sociedade," não em isolamento. Liberdade é "a revolta do indivíduo contra todo tipo de autoridade, divina, coletiva ou individual."

Bakunin

“Para onde está indo o seu lixo?”

TUDO AO LONGO DA TORRE


Deve haver algum jeito de sair daqui,
Disse o coringa ao ladrão
Lá tem muita confusão,
Eu não tenho nenhum alívio

Homens de negócio, eles bebem meu vinho,
Os homens do arado cavam minha terra,
Nenhum com um nível em suas mentes,
Ninguém fora deste mundo.

Nenhuma razão para estar excitado,
O ladrão que falou amavelmente,
Há muitos aqui entre nós,
Que pensam que a vida é mais uma piada,

Mas você e eu, nós passamos por isso,
E este não é nosso destino,

Então vamos parar de falar hipocritamente
A hora está começando tarde.

Tudo ao longo da torre,
Os príncipes mantiveram a vista,
Quando todas as mulheres vieram e foram,
Empregados descalços também.

Lá fora na distância fria,
Um gato selvagem rosnou,
Dois cavaleiros estavam se aproximando
E o vento começou a uivar.

Tudo ao longo da torre,

Foto:Rodrigo Vargas Souza
Poesia:Bob Dylan/Jimi Hendrix
Por André Soares

EDUCAÇÃO, O ESPELHO SOCIAL AO LONGO DOS TEMPOS


Quando falamos de educação hoje, logo vem a mente toda a estrutura existente atualmente, ou seja; escolas, professores,materiais didáticos e etc...Mas não podemos esquecer que desde os primórdios do tempo já haviam sistemas de educação entre os povos primitivos, claro que sem todo este aparato e nossos métodos atuais.
Denominamos este tipo de ensino como educação difusa. A característica desta educação no processo educativo nas comunidades tribais podemos destacar dentre elas, o método da imitação e a formação integral do indivíduo como membro da sociedade.
A metodologia utilizada por esses povos, era quase instintiva de imitar, ou seja, a educação ocorria sem a necessidade de um mestre e classes propriamente ditos,e sim no espelho, a criança aprendia, olhando, observando, praticando, errando e conforme as necessidades da tribo,como por exemplo:a caça, a pesca; etc..., era necessário somente olhar e aplicar, tendo como um instrutor,um adulto que possuísse paciência e respeito com os aprendizes. O indivíduo recebia de sua comunidade, uma formação integral, ou seja, todos recebiam o mesmo conhecimento, aprendia os mesmos ofícios, a partir daí as crianças começavam um processo próprio de identidade, valores, princípios e aptidões, cada um conforme suas peculiaridades.
Assim vemos que estas características apresentadas, foram utilizadas por povos primitivos, onde ensinava-se naturalmente através da imitação nas suas atividades do dia-a-dia da tribo, e que cada um conforme o aprendizado ia se desenvolvendo como membro participante da sua comunidade.
Portanto devemos fazer uma analogia com a nossa educação hoje, parar para pensar em nossa responsabilidade como espelhos,devemos ser exemplos, o que fazemos, para que fazemos,o que queremos. Devemos fazer de nossas crianças participantes da vida social e não como espectadoras, que exemplo estamos dando hoje para nossas crianças????

Texto: Adelaide Araujo
Fotografia: Hopker